quarta-feira, 5 de outubro de 2011

A dor ou a loucura

A grande dor de uma perda,
que a vida nos impõe
ao inesperado
e a resignação aceita,
é a condição do convívio
com o mundo que a dor nos impõe.
Ela é o único e real preço,
o passaporte para o regresso
da dimensão da loucura,
o mundo onde não vive exposta,
onde ela não existe!
Ou é mesmo invisível
ou a dó da fantasia não mostra.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Como um rio

Água de sono único,
O lago entre montes,
Vive plácido, cristalino
Os sonhos da mediocridade.
Em si mesmo estancado
Jamais ousa planícies.
Assim inerte, estacionado,
Só se ocupa de reflexos:
A idiotia em vaidade consumida.
Não evolui nem retrocede,
Não conhece nenhum caminho,
Não questiona necessidade,
Tampouco conhece o próximo lago.
“Quem sai da idiotia entra no discurso”.*
Idiotia é lago sem discurso,
Porque “presença física
Não estabelece comunidade”.*

Avisai aos lagos do arroio:
O esforço digno por seu breve caminho!

Quem se extrai do eu,
Depara-se com outros eus
Com mesmos direitos que os seus
E sua evolução é uma relação com eles.
Só água de muitos arroios
Torna-se incessante como um rio.
Só o rio é apto aos longos caminhos.
Oceano é água de todos os caminhos.
Só conhecem oceano
Águas que fluem como um rio.

*Donaldo Schuler, Heráclito.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O amor não tem fronteira

O ar não tem fronteira.
O rio não tem fronteira.
O mar não tem fronteira.
O cosmo não tem fronteira.
O sonho não tem fronteira.

De que valem estes marcos de pedra
Se muito além destas montanhas,
Do ritmo destas vagas,
Das copas desta selva,
Deste rio já correm estas águas?
E nele percorrem livres tantos peixes,
Tanta vida, tanta vida...
Que representam estes limites,
Se do ar que respiro,
Transforma-o em novo
A pródiga natureza;
E meu corpo alimenta sua vida,
E sem ele inevitável sucumbe,
E toda vida na terra expira,
E é o mesmo para todos?

Apenas é relevante ou existe,
O que já existia.
O que não foi imposto
Pela ganância ou pelo temor.
Por que para muitos é invisível,
Se alguns já vislumbraram?
“You may say,
I’m a dreamer,
But I’m not the only one”.*
A única fronteira é o limite
Entre a sanidade e a loucura;
Entre o milagre da vida
E o vazio da morte.
Esta angústia desfar-se-á em abraços,
Quando velas brancas, coloridas,
Sinceros sorrisos e esperança,
Dos lugares mais longínquos
Apontarem de todos os lados
Ao horizonte desta utopia perseguida:
O amor não tem fronteira!
*John Lenon.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

A vida é breve

Quão breve é toda vida humana,
Já que de toda a multidão
Que trouxe a estas praias,
Nenhum viverá dentro de cem anos.1
Palavras de Xerxes, como Dario
E Ciro, reis da fabulosa Pérsia,
Poderosíssimos homens em seu tempo,
São apenas lembrados em livros de história.

Sim...A vida é mesmo breve,
O poder é mesmo efêmero,
Implode em ambição mordaz,
O tempo consome a memória
Pouco tempo após.

O acúmulo de riquezas gera poder,
O poder pelo poder,
E tantos assim tiveram,
Quem foram, o que fizeram?
Não há poesia no poder.
Além da vaidade,
Apenas árido dever.
Salvo o florentino Lourenço
De Médicis, alavancou seu tempo
Com a arquitetura e as artes,
A virtuosa fortuna, sua poesia,
A humanidade agradece.
Digam-me outro nome.
Os feitos superam o homem,
Assinam no tempo seu nome
E logo vem à cabeça
O testemunho do Parthenon, Coliseu,
As colunas da Grécia,
Expressão de um apogeu!

O tempo é fugaz,
Exaure o homem e a riqueza,
Mas se satisfaz
Quando persiste a beleza!

A que leva a vida de ostentação?
De nada adianta ostentação de fortunas,
Pois a ninguém o torna ilustre,
Precisam de mais exemplos
Do a vida já mostre?
Nada mais fútil do dinheiro a riqueza,
Sempre ou desde o tempo primeiro,
Nada mais sórdido que a avareza,
Árida vida de cultuar dinheiro.
É a grande frivolidade humana,
Seu grande equívoco,
Achar mesmo que nós
Sobreviveremos
Apesar de todo o ouro que temos.

Diz Heráclito, o fragmentado Discurso,
Presença física não estabelece comunidade,
E que pobre é toda cidade
Se não persegue este espírito,
E saber que só em Florença
Hão todos aqueles imortais.
Não há poesia nas fortunas,
Fortunas de apenas fortunas
De homens ocos com a face do vácuo.
De nada adiantam estátuas,
Nomes em ruas, bustos em pedestais,
Se à vida nada trazem de novo,
Não dizem valor à alma de um povo,
Qualquer fortuna, a face nos jornais.

Deste mundo suas razões,
Do homem a vaidade,
A mais pueril das paixões.
Não é filha do tempo,
A personalidade,
Mas do homem a postura,
A excelência de sua obra.2

Conta Plutarco que Alexandre
Com exército não numeroso,
Mas excepcional,
As falanges da Macedônia e um reino,
Tinha à mão Tebas e Atenas,
Reinos vizinhos...A Pérsia...A Ásia!
De tudo se desprendeu
Em doações as posses reais,
Sem ser tentado pelo ouro e seu tédio,3
Ao que inquiriu Pérdicas, o amigo general:
-E para ti, rei, o que conservas?
-A esperança!
-Pois a compartilharemos contigo,
Nós, teus camaradas de armas!4
Nem o vinho, nem o sono, nem o espetáculo,
Nem o amor eram capazes de detê-lo.
Prova-o sua vida, extremamente curta,
Digna dos heróis da Ilíada,
Digna da pena de Homero.
Preencheu sua vida inteira
Com uma profusão de grandes ações,
Da nossa cultura helênica, sua proteção,
De todos os feitos o mais belo.

Nada tem valor
Se não há a paixão,
Se não é verdadeiro,
Se não brilha por inteiro,
Se no homem não há encanto,
Se não se projeta com o coração.

Grandes homens, por que grandes?
Dedicaram seus dias
Por causa nobre, por isso grandes.
Abnegados ou enfrentaram a intolerância,
Mas viveram momentos épicos.
O tempo tarda
Mas faz jus à poesia
De seus nomes e seus dias.

Mas não bastam que seja pura
E justa a nossa causa.
É necessário que a pureza
E a justiça existam dentro de nós.5
Por mais prazerosa
Que seja sua vida,
Se você não sente
Que está construindo algo,
Não se tornará feliz.6
É preciso sobreviver
Para atingir a idade da realização,
Para ser feliz. Não vale sair
Antes do jogo terminar.7
É preciso trabalhar
Na beleza que perdure,8
Pois que a vida é breve,
Todo poder é efêmero,9
A alma é vasta.10

1. Xerxes, sétimo livro de Heródoto.
2. Federico Garcia Lorca.
3. Jorge Luis Borges
4. Plutarco, Vidas Paralelas.
5. Agostinho Neto, poeta angolano.
6. Amyr Klink.
7. Tom Jobim
8.Thiago de Mello
9. Nicolau Maquiavel.
10. Fernando Pessoa.
Dedicado a: Ivaldo Milhomem Roland e Antenor Barros Leal

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Termópilas



À frente das várias nações submissas,
Do persa o escravagista intento.
Miríade armada à recusa grega
Partiram da Ásia e a sórdida premissa.

A Europa como meta,
A passagem era a Grécia.
Liberdade não com ouro, mas à espada,
Não concebem rei expulso de Esparta,
Demaratos nem o persa.

Já vendida a grega Jônia;
Do trácio Efialtes a traidora senda.
Por cada míseros metros de terra,
De vermelho tinge o delírio e a escarpa,
A Lacedemônia coesa e austera.

A decisão pelas Termópilas.
Honram o sacrifício os altos estreitos:
As sábias horas de Leônidas
À frente de apenas nove mil gregos!*

Vencem a cizânia após e a ofensiva,
Cem mil gregos livres em Platéias.
Salva a Hélade e a democracia,
Do espelho a dor contida
Daqueles homens as mulheres.


*Heródoto, Guerras pérsicas.
1. Os contínuos combates contra os exércitos do império persa,
Revezados de duas em duas horas
Por guerreiros de cada cidade grega livre,
Ocorreram numa clareira interior do
Monte Calidromos, a oudenos chorion, a terra de ninguém,
Onde comportava uma frente de sessenta
Homens ombro a ombro, escudo a escudo(hoplon),
Não importando aos gregos
O que estava além dessa linha,
Os quinhentos mil invasores.
2. a guarda do rei espartano era composta de trezentos cavaleiros, os pares ou iguais. escolher trezentos bons guerreiros era coisa muito fácil, mas os que foram combater nas termópilas foram escolhidos a partir de suas mulheres, que por serem altivas, fortaleceram o espírito de liberdade helênico.

Jericoacoara


The sun says goodbye to days,
Last golden mirror of the sea.
Loose hair in the wind whistles,
Exposed breast, mounths to kiss.

The moon revolves in the sky, the cloudy head.
The light is dying and outlines.
Lily of the dunes and mermaid
Also reveals the soft curves.

Expanse of sand and sea,
Full moon and now alone.
The breeze and the lighthouse are neighbors,
Flashes, as regards the sea.

Stroll by the sea,
The offshore wind and the moon.
Refresh the look and shine
The silhouette of the female nude.

Caressing and hugging the wind cold.
Body by the hands and affection.
Complexion and feel the chill,
Your wet and smell the sea air.

Hummingbird bird pink dewy.
Perfume, petals, act of love.
Smooth silent sea waves,
Ecstasy the flower electrified.

The stars twinkle, the voice moans,
Play thighs moonlit night.
Your body, the whole earth shakes
In bright candy nudity.

Hover over the earth at night and the beast.
It burns your venter, burning sand,
Burning flame and fire kindles
The heat from one body on the ball.

It hurts so subtle that night and the weather,
While the tight embrace
In the waist and kissed her breast,
Rare ship flies overhead.

Peace lies under the sky
Love and the two go to town.
Walk in quiet evening
By moonlight, the stars and the veil.

Seduce and enchant the place
The atmosphere of magic.
Space of joy,
The warm sea bath.

Your love and mirrored in the water,
Brightness that you see now,
The moon by this stone pierced
Waiting these verses and the time.

Only the laughter, the music of the sea
With the two follow the trail,
The white moon shines
And nightly meteor to wander.

Life is calm, the world is distant.
Landscapes out of sight,
Around the horizon is free,
The mind travels to the heart achievement.

Brazilians, many people ...
People worldwide,
They come from January to January,
See the mystery, dunes, lagoons ...

The virgin nature
Of mutable sands.
Dune ponds permeates
In place of rare beauty!

America turns to the west
For the beautiful sun goes down here,
as painting that the living memory
In brief word summarizes Jeri.

Small town

Great sun of Ecuador
Way through the confines of the Milky Way
Still not light up
Reason for this city.
Barely grown, peace already devours us.
Monsters in the labyrinths, discouragement.
Revealing the ugly face of distress,
In the sad look of your perverted girls
Selling weak body now in droves,
Even without breasts on street corners.
While parading along the contempt
Of illicit wealth of safe public
The fortunes smuggling.

Cries the edges on the beach
The neglect your children
By fucking in nature and kind.
Weep thy shame and grief,
For dirty water that always arises,
As infected blood
Poured in your veins.

That false illustrious
Hearts insincere
Weave into your website!
Who to believe insults and masks
And disfigures your geography?
Who demeans your letters
And your land is appropriated?

Who disposes of your souls,
edify the Palace
By pageantry guise of buffs?
Who imposes unmerit spaces
Without democracy?
What policy of the past and now
sold pieces of your soul?
What made you rivers, wetlands,
Of life, peace, the squares,
Small town of thieves?
That green have removed the eternal!
What a lovely mask hastily
Hidden on the coast
Your inner suffering!